Talvez eu esteja ficando maluca

Mas e a novidade? Cadê?

Estou num ponto da minha jornada terapeutica em que não tenho mais tanto assim pra reclamar. Não estou mal faz um tempo: meus pais pararam de me odiar, tenho um relacionamento estável com uma pessoa que amo e que me ama de volta, não estagio mais e faz um mês que a UFRN está em greve, então também tenho tido quase nenhum contato com arquitetura enquanto estudante. Agora, ao invés de passar 50 minutos por semana desabafando e chorando por odiar muito minha vida, estou tendo que passar esse tempo refletindo em como melhorar e começar a viver de verdade, o que é muito mais difícil.

Pelo menos minha psicóloga entende que minha cabecinha é meio troncha, e que eu risco e escrevo e desenho enquanto tento pensar e entender as coisas, principalmente o que ela estiver dizendo, então na semana que começou a greve eu elaborei a seguinte lista de objetivos:

• contar horas complementares (sempre que começo fico overwhelmed e paro)

• terminar o curso de design UX (fiz duas semanas direito e esqueci)

• tentar arranjar um emprego (preciso terminar o curso pra isso)

• ir pra academia (estou indo!)

• terminar meu plano de trabalho (nem mexi)

• ler Arquitetura Escolar (li duas paginas)

• reaprender a usar o Revit (nao abro desde 2023)

• arrumar meu notion (arrumei!)

• falar com minha orientadora pra saber se ela ainda vai ser minha orientadora (tenho medo da resposta ser não)

… e claramente só fiz duas das coisas que me propus. Desde então, toda semana tenho começado a sessão com mais ou menos a mesma frase: “continuo indo pra academia, mas não fiz nada do TFG e nem continuei o curso.” Às vezes falo que gostaria de vender comissão de arte, mas eu também não desenho tanto assim nem posto muito, então quem é que compraria de mim? — além da minha querida amiga Duda, é claro, minha mais fiel cliente. E aí entro num ciclo, preciso desenhar mais pra postar pra comprarem de mim, mas preciso terminar o curso de design UX pra conseguir um emprego, mas preciso contar minhas horas pra, se ainda faltar, correr atrás disso, mas preciso fazer coisas do TFG pra me formar. No fim, passo oito horas por dia no celular, e tudo continua parado.

Acho que é mais por isso que to ficando maluca. Não existe Um Estressor ativamente me enlouquecendo, mas tenho tanto pra fazer o tempo todo, ao mesmo tempo que não sou obrigada a nada, e eu paralizo! É uma sensação horrorosa, perceber que passei a manhã inteira, de quinze em quinze minutos colocando a senha do tempo de tela, pulando entre o instagram e o twitter. Dá vontade de jogar o celular pela janela, apagar todos os apps! Mas Meu Amor me manda posts todos os dias, e mesmo que eu tente só olhar as dms, acabo sendo sugada para a página principal. Infinito! Terrível! As maiores atrocidades que eu ja vi escritas e postadas pro mundo ver! Mas esse não é o ponto dessa newsletter.

Entre começar a escrever isso e agora, eu já fui pra psicóloga de novo. Mesmo papo, mas no fim saí com dois novos objetivos: arrumar meu quarto e fazer horários — flexíveis, claro, pois não sou capaz de seguir nada à risca — para fazer coisas que eu preciso e coisas que eu quero. Eu preciso fazer coisas da faculdade, preciso arranjar dinheiro, preciso estudar. Eu quero pintar riscar desenhar fazer coisas com argila! E isso tudo deixando tempo pra ver Meu Amor (que por mim não desgrudava nunca) e meus amigos, o que não parece ser difícil teoricamente, mas tenho certeza que na hora de escrever esses horários minha cabeça vai criar vários empecilhos. Mas isso é um problema pra eu do futuro.

Pelo menos hoje arrumei minha escrivaninha. Não é muito, ainda tenho várias gavetas e armários pra lidar, mas é um começo! Me desejem sorte.